24 de março de 2012

(Re)descobrir a oração



Exercício para alcançar qualidade de vida

A oração é um exercício fundamental na busca pela qualidade de vida. Nas indicações que não podem faltar, especialmente para a vida cristã, estão a prática e o cultivo disciplinado da oração. É um exercício que tem força incomparável em relação às diversas abordagens de autoajuda, como livros e DVDs, muito comuns na atualidade.
A crise existencial contemporânea, em particular na cultura ocidental, precisa redescobrir o caminho da oração para uma vida de qualidade. Equivocado é o entendimento que pensa a oração como prática exclusiva de devotos. A oração guarda uma dimensão essencial da vida cristã. Cultivar essa prática é um segredo fundamental para reconquistar a inteireza da própria vida e fecundar o sentido que a sustenta.
É muito oportuno incluir entre as diversificadas opiniões, junto aos variados assuntos discutidos cotidianamente, o que significa e o que se pode alcançar pelo caminho da oração. Perdê-la como força e não adotá-la como prática diária é abrir mão de uma alavanca com força para mover mundos. A fé cristã, por meio da teologia, tem por tradição abordar a importância da oração ao analisar a sua estrutura fundamental, seus elementos constitutivos, suas formas e os modos de sua experiência. Trata-se de uma importante ciência e de uma prática rica para fecundar a fé.
A oração tem propriedades para qualificar a vida pessoal, familiar, social e comunitária. Muitos podem desconhecer, mas ela [a oração] pode ser um laço irrenunciável com o compromisso ético. É prática dos devotos, mas também um estímulo à cidadania. Ao contrário de ser fuga das dificuldades, é clarividência e sabedoria, tão necessários no enfrentamento dos problemas. Na verdade, a prece faz brotar uma fonte interior de decisões, baseadas em valores com força qualitativa.
A oração, como prática e como inquestionável demanda, no entanto, passa por uma crise por razões socioculturais. Aliás, uma crise numa cultura ocidental que nunca foi radicalmente orante. O secularismo e a mentalidade racionalista se confrontam com aspectos importantes da vida oracional, como a intercessão e a contemplação. Diante desse cenário, é importante sublinhar: paga-se um preço muito alto quando se configura o caminho existencial distante da dimensão transcendente. O distanciamento, o desconhecimento e a tendência de banir o divino como referencial produzem vazios que atingem frontalmente a existência.
É longo o caminho para acertar a compreensão e fazer com que todos percebam o horizonte rico e indispensável da oração. Faz falta a clareza de que existem situações e problemas que a política, a ciência e a técnica não podem oferecer soluções, como o sentido da vida e a experiência de uma felicidade duradoura. A oração é caminho singular. É, pois, indispensável aprender a orar e cultivar a disciplina diária da oração. Trata-se de um caminhar em direção às raízes e ao essencial. Nesse caminho está um remédio indispensável para o mundo atual, que proporciona mais fraternidade e experiências de solidariedade.
A lógica dominante da sociedade contemporânea está na contramão dessa busca. Os mecanismos que regem o consumismo e a autossuficiência humana provocam mortes. Sozinho, o progresso tecnológico, tão necessário e admirável, produz ambiguidades fatais e inúmeras contradições. Orar desperta uma consciência própria de autenticidade. Impulsiona à experiência humilde do próprio limite e inspira a conversão. É recomendação cristã determinante dos rumos da vida e de sua qualidade. A Igreja Católica tem verdadeiros tesouros, na forma de tratados, de estudos, de reflexões, e de indicações para o cultivo da oração, que remetem à origem do Cristianismo, quando os próprios discípulos pediram a Jesus: “Ensina-nos a orar”. É uma tarefa missionária essencial na fé, uma aprendizagem necessária, um cultivo para novas respostas na qualificação pessoal e do tecido cultural sustentador da vida em sociedade.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte

29 de fevereiro de 2012

Quaresma


Como viver bem esse tempo forte de meditação, oração, jejum, esmola?

Neste tempo especial de graças que é a Quaresma devemos aproveitar ao máximo para fazermos uma renovação espiritual em nossa vida. O Apóstolo São Paulo insistia: "Em nome de Cristo vos rogamos: reconciliai-vos com Deus!" (2 Cor 5, 20); "exortamo-vos a que não recebais a graça de Deus em vão. Pois ele diz: Eu te ouvi no tempo favorável e te ajudei no dia da salvação (Is 49,8). Agora é o tempo favorável, agora é o dia da salvação." (2 Cor 6, 1-2).
Cristo jejuou e rezou durante quarenta dias (um longo tempo) antes de enfrentar as tentações do demônio no deserto e nos ensinou a vencê-lo pela oração e pelo jejum. Da mesma forma a Igreja quer ensinar-nos como vencer as tentações de hoje. Daí surgiu a Quaresma.
Na Quarta-Feira de Cinzas, quando ela começa, os sacerdotes colocam um pouquinho de cinzas sobre a cabeça dos fiéis na Missa. O sentido deste gesto é de lembrar que um dia a vida termina neste mundo, "voltamos ao pó" que as cinzas lembram. Por causa do pecado, Deus disse a Adão: "És pó, e ao pó tu hás de tornar". (Gênesis 2, 19)
Este sacramental da Igreja lembra-nos que estamos de passagem por este mundo, e que a vida de verdade, sem fim, começa depois da morte; e que, portanto, devemos viver em função disso. As cinzas humildemente nos lembram que após a morte prestaremos contas de todos os nossos atos, e de todas as graças que recebemos de Deus nesta vida, a começar da própria vida, do tempo, da saúde, dos bens, etc.
Esses quarenta dias, devem ser um tempo forte de meditação, oração, jejum, esmola ('remédios contra o pecado'). É tempo para se meditar profundamente a Bíblia, especialmente os Evangelhos, a vida dos Santos, viver um pouco de mortificação (cortar um doce, deixar a bebida, cigarro, passeios, churrascos, a TV, alguma diversão, etc.) com a intenção de fortalecer o espírito para que possa vencer as fraquezas da carne.
Na Oração da Missa de Cinzas a Igreja reza: "Concedei-nos ó Deus todo poderoso, iniciar com este dia de jejum o tempo da Quaresma para que a penitência nos fortaleça contra o espírito do Mal".
Sabemos como devemos viver, mas não temos força espiritual para isso.A mortificação fortalece o espírito. Não é a valorização do sacrifício por ele mesmo, e de maneira masoquista, mas pelo fruto de conversão e fortalecimento espiritual que ele traz; é um meio, não um fim.
Quaresma é um tempo de "rever a vida" e abandonar o pecado (orgulho, vaidade, arrogância, prepotência, ganância, pornografia, sexismo, gula, ira, inveja, preguiça, mentira, etc.). Enfim, viver o que Jesus recomendou: "Vigiai e orai, porque o espírito é forte mas a carne é fraca".
Embora este seja um tempo de oração e penitência mais profundas, não deve ser um tempo de tristeza, ao contrário, pois a alma fica mais leve e feliz. O prazer é satisfação do corpo, mas a alegria é a satisfação da alma.
Santo Agostinho dizia que "o pecador não suporta nem a si mesmo", e que "os teus pecados são a tua tristeza; deixa que a santidade seja a tua alegria". A verdadeira alegria brota no bojo da virtude, da graça; então, aQuaresma nos traz um tempo de paz, alegria e felicidade, porque chegamos mais perto de Deus.
Para isso podemos fazer uma confissão bem feita; o meio mais eficaz para se livrar do pecado. Jesus instituiu a confissão em sua primeira aparição aos discípulos, no mesmo domingo da Ressurreição (Jo 20,22) dizendo-lhes: "a quem vocês perdoarem os pecados, os pecados estarão perdoados". Não há graça maior do que ser perdoado por Deus, estar livre das misérias da alma e estar em paz com a consciência.
Jesus quis que nos confessemos com o sacerdote da Igreja, seu ministro, porque ele também é fraco e humano, e pode nos compreender, orientar e perdoar pela autoridade de Deus. Especialmente aqueles que há muito não se confessam, têm na Quaresma uma graça especial de Deus para se aproximar do confessor e entregar a Cristo nele representado, as suas misérias.
Uma prática muito salutar que a Igreja nos recomenda durante a Quaresma, uma vez por semana, é fazer o exercício da Via Sacra, na igreja, recordando e meditando a Paixão de Cristo e todo o seu sofrimento para nos salvar. Isto aumenta em nós o amor a Jesus e aos outros.
Não podemos esquecer também que a Santa Missa é a prática de piedade mais importante da fé católica, e que dela devemos participar, se possível, todos os dias da Quaresma. Na Missa estamos diante do Calvário, o mesmo e único Calvário. Sim, não é a repetição do Calvário, nem apenas a sua "lembrança", mas a sua "presentificação"; é a atualização do Sacrifício único de Jesus. A Igreja nos lembra que todas as vezes que participamos bem da Missa, "torna-se presente a nossa redenção".
Assim podemos viver bem a Quaresma e participar bem da Páscoa do Senhor, enriquecendo a nossa alma com as suas graças extraordinárias; podendo ser melhor e viver melhor.

Por Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com / 
http://blog.cancaonova.com/felipeaquino/

9 de fevereiro de 2012

O Alpinista




Certo alpinista, com obsessão por conquistar uma alta montanha, iniciou sua solitária ascensão após anos de preparação.

Começou a escalar enquanto entardecia. Em vez de acampar, decidiu continuar em frente. Escureceu. A noite caiu sobre a neve da montanha. A luz e as estrelas estavam cobertas pelas nuvens. Já não se podia ver absolutamente nada. Estava tudo negro, mas ele não se detinha.

Desafiando uma escarpa, escorregou no gelo, caindo lentamente, mas sem se deter, embora percutisse na neve com o piolet (bastão). O alpinista só conseguia ver manchas escuras, além da terrível sensação de ser sugado pela gravidade.

Quando já estava caindo no precipício, sentiu o fortíssimo puxão da longa corda que o amarrava pela cintura. Nesse momento de quietude, balançando-se e suspenso no ar; sem ver o fundo do abismo, desafiou o Senhor e gritou com toda a sua fé:

- Se me amas, ajuda-me, meu Deus!

Uma voz grave e profunda, vinda do céu, respondeu-lhe:

- Se te amo, que queres que faça?

- Salva-me, meu Deus. Não vejo nada. Tu és minha única esperança.

- Crês, realmente, que eu te ame tanto que possa salvar-te?

- Certamente, Senhor. Eu tenho fé em teu amor e em teu poder.

O alpinista supunha que iria aparecer uma mão poderosa para resgatá-lo, ou que viria uma legião de anjos para transportá-lo a um lugar seguro. Todavia, a mesma voz celestial ordenou-lhe o que menos esperava:

- Então, se crês em meu amor por ti, corta a corda que te sustém.

Houve um momento de silêncio e de dúvida. Aquele homem, supondo que cairia no abismo, agarrou-se à corda com firmeza ainda maior...

No dia seguinte, a equipe de resgate encontrou um alpinista morto, congelado, com suas mãos presas fortemente à corda, a apenas um metro do solo.

(História retirada do livro "Para mim, o viver é Cristo. Paulo de Tarso" de autoria de José H. Prado Flores; Editora Canção Nova; São Paulo, SP, 2009)



Reflexão:

Que história interessante! Por certo, nos faz refletir sobre a nossa vida, os nossos anseios, a fé que sustentamos, a credibilidade que damos a Deus. Voltemos à história! O alpinista tinha uma meta, um sonho a realizar, um desafio a superar: escalar uma alta montanha. As oportunidades apareceram e ali estava ele escalando. Porém, em algum momento, algo inesperado acontece: o alpinista despenca e cai. Nesse momento, a sua fé e credibilidade em Deus são postas à prova. Mas infelizmente, cheio de seguranças e convicções puramente humanas, ele não confiou em Deus.

Voltemos à nossa realidade!

Quantas vezes, ao longo de nossas vidas, estamos diante de desafios, dificuldades; quantos obstáculos aparecem na intenção de nos fazer desistir (que os desafios, dificuldades e obstáculos sejam entendidos também como aqueles que corrompem a plenitude do amor entre os semelhantes). Pois é, a história do alpinista é semelhante a nossa! Por vezes, em meio as aflições, não temos a coragem de parar, ouvir a voz de Deus ecoando em nosso interior, e "cortar a corda" das nossas limitações, do orgulho, das seguranças puramente humanas, do pecado, que nos impedem de progredir. Por vezes, assim como o alpinista, cremos em Deus, mas não damos crédito a Ele. Não temos paciência para esperar Suas providências. Queremos tudo ao nosso tempo. Queremos tudo que pensamos ser necessários para nossas vidas. Não temos a coragem de nos abandonar nos braços d'Aquele que nos ama incondicionalmente e confiar em Suas ações.

Nós não compramos a salvação, esta se apresenta como uma dádiva de Deus e que pode ser nossa a partir do momento em que damos crédito a Ele, de modo que confiamos absolutamente em Seu poder e misericórdia. O fato é que Deus realizou muitos prodígios (incontáveis) e na vida de muitos e pode realizar na nossa se abrirmos o nosso coração e confiarmos plenamente. Ele não é somente Pai, Ele é Papaizinho; nós não somos somente filhos, somos filhinhos; somos queridíssimos e não podemos deixar que esse laço de Amor absoluto seja enfraquecido ou até mesmo rompido por nosso desespero, aridez espiritual, desconfiança, pelos erros que cometemos. Infelizmente, em nossa sociedade, somos convidados a viver como "ateus práticos", que até acreditam em Deus, mas vivem como se Ele não existisse.

Irmãos, em Deus, somos capazes de realizar obras grandiosas (escalar montanhas, ser aprovados no vestibular para aquele curso que tanto almejamos, comprar aquele carro com a honestidade evidenciada em nosso trabalho, enfim, até dos milagres podemos participar junto a Deus). E para estarmos n'Ele é preciso buscá-lo e abrir o nosso coração, nos despojando de tudo aquilo que nos faz ir de encontro a Deus (contra Sua vontade, Seus ensinamentos e princípios de salvação e vida eterna).

Peçamos a graça do Espírito Santo, que esta possa ser "derramada" em nossas vidas, sejamos sensíveis para ouvir a voz de Deus em nossos corações, entendamos que o Seu auxílio não está tão evidente aos nossos olhos (como o alpinista pensou que Deus enviaria anjos ou mesmo daria Sua mão para retirá-lo e levá-lo a um lugar seguro) peçamos o auxílio de Deus e confessemos a Ele que entregamos nossas vidas à Sua vontade e nos desprendemos de nossas limitações.

Paz e bem. Do irmão de caminhada

Victor Oliveira (Ministério Jovem - Setor Palmeira dos Índios)

31 de janeiro de 2012

Fé e Política se misturam?


Se compreendermos bem o que é fé e o que é política, veremos que ambas estão profundamente relacionadas e dizem respeito a cada um de nós. Isto porque a fé, para quem crê de verdade, ilumina toda a nossa vida, inclusive o modo como fazemos política.
O QUE É FÉ?
No dicionário Aurélio, fé é definida como: “adesão e anuência pessoal a Deus, seus desígnios e manifestações”. “Pela fé o homem submete completamente sua inteligência e sua vontade a Deus” (CIC, n. 143). 
Ou seja, ter  fé não é somente acreditar que existe um Deus, cumprir uma série de ritos, rezar de vez em quando ou cumprir uma série de preceitos. A fé é uma decisão que envolve toda a nossa vida, pois é confiar totalmente Naquele em que cremos e deixar-nos conduzir pelos seus ensinamentos.
Foi isso que Jesus nos ensinou: “Não basta me dizer: “Senhor, Senhor!” para entrar no Reino dos céus; é preciso fazer a vontade do meu Pai” (Mt 7,21).
Portanto, somos homens e mulheres de fé se buscamos realizar a vontade de Deus em cada momento e em todas as áreas de nossa vida.
Na Missa, rezamos todos juntos: “Creio em Deus Pai Todo-poderoso (...), em Jesus Cristo (...) no Espírito Santo, etc.” Ou seja, proclamamos que vivemos segundo esta verdade, que este é o Deus em que cremos.
Pois bem, se cremos em um Deus que é Pai de todos, então todos são nossos irmãos, inclusive os que não crêem, os que pensam diferente e os que se declaram nossos inimigos.
Se é assim, a fé não é um assunto privado, individualista. Ao contrário, a fé nesse Deus Uno e Trino nos leva a um compromisso diário de amor aos irmãos, com o bem de todos. Saímos da Missa e vamos para a Missão.
O QUE É POLÍTICA?
Imaginem um país com milhões de habitantes. Cada uma dessas pessoas é nosso irmão e precisa ser alimentada, receber cuidados em saúde, ser educada, ter emprego e renda, acesso à cultura e ao lazer e garantia de segurança. Estas, entre outras, são as condições para que elas possam se desenvolver e crescer com dignidade e viver em paz.
Aqui começamos a falar de política, afinal ela é a arte de promover orgânica e institucionalmente o bem comum, ou seja, “o bem de todos naquilo que todos têm de comum” (Cezar Saldanha).
Mas, como fazer para que realmente seja alcançado o bem de todos e não só de uma parte da população? Com tantos interesses, como definir o que é prioridade?
Cada povo, cada País, tem um modo próprio de se organizar para buscar o bem comum. No Brasil, já tivemos Imperadores, Ditadores, e agora temos Presidentes, Governadores, Prefeitos, Vereadores, Deputados e Juízes, que compõem os três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
Somos nós que, através do voto, elegemos nossos representantes no Executivo e no Legislativo. Eles são eleitos para promover o bem de todos, através das decisões administrativas, das leis e da fiscalização mútua. Quando um Prefeito ou um vereador busca o seu bem particular ou o de seus “amigos” ou quando se omite, prejudicando o bem comum, não está cumprindo a missão de nos representar. Está pecando, realizando um ato imoral e faltando com a caridade e a justiça.
Se um eleitor vende o seu voto ou escolhe irresponsavelmente seu candidato, além de “dar um tiro no próprio pé”, ele também peca e prejudica a todos.
Portanto, o voto não termina no dia das eleições. Ele tem consequências diretas na vida de toda população. Se o político é eleito para nos representar, precisamos acompanhá-lo, fiscalizá-lo, dar-lhe sugestões, apoiá-lo e cobrá-lo.
Sozinhos esta tarefa é quase irrealizável, mas unidos podemos fazer muito para que a voz da população seja ouvida pelos seus representantes. Daí a importância das igrejas, das ONGs, dos partidos, dos sindicatos, das associações, dos conselhos e dos clubes de serviço, entre outras modalidades de associativismo.
Se verificamos atos de corrupção, atos ilegais e injustos, podemos recorrer à Justiça, buscar apoio do Ministério Público (Promotor) e promover ações para corrigir estes atos e punir os infratores.
Mas, na hora das decisões, quais são os princípios, os critérios que devem ser utilizados para definir o que é bom ou mau para todos? Como discernir a vontade de Deus?
No campo político-social, a Igreja Católica orienta seus membros através da chamada Doutrina Social da Igreja. Este conjunto de ensinamentos é como um farol que ajuda os cristãos a navegar nos mares do mundo dando referências e apontando caminhos na busca do bem comum. É muito importante que cada vez mais católicos conheçam essa Doutrina e a apliquem no seu dia-a-dia.
POLÍTICA, O MAIS ALTO GRAU DO AMOR
Quem realmente tem fé em Jesus, ouve sua voz e cumpre seus mandamentos, os quais podem ser resumidos em: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
Se encontramos um irmão necessitado, pela fé que temos em Cristo, podemos saciar-lhe a fome e dar-lhe vestes. Este é um ato de caridade, movido pela fé. Contudo, ainda mais importante é agir de tal modo que sejam sanadas as causas que levam aquele irmão a não ter o que comer e o que vestir. Este é um ato de caridade política. Portanto, na política se manifesta o mais alto grau do amor fraterno.
Desta forma, quem vive a fé em Jesus, não pode ser indiferente à política. Pelo contrário, iluminados pelo Evangelho e pela Doutrina Social da Igreja, os cristãos põem a mão na massa e buscam construir a Civilização do Amor.
Ou seja: fé e política se misturam.

Por Leandro Alberione Batista da Costa

20 de janeiro de 2012

O Sinal da Cruz





Por Padre Marcelo Rossi


(†) Pelo sinal da Santa Cruz, (†) livrai-nos Deus, Nosso Senhor, (†) dos nossos inimigos, (†) em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

  Quantas pessoas fazem o Sinal da Cruz, ou como se costuma dizer, o “Pelo Sinal” antes das orações, ou pelo menos uma vez ao dia? 

   A impressão que temos é que o número é bastante reduzido, especialmente entre os mais jovens. 
   A maioria faz, e às vezes de modo displicente, o “Em nome do Pai”, ficando apenas no gesto, sem invocar a Santíssima Trindade.
   O Sinal da Cruz é uma oração importante que deve ser rezada logo que acordamos, como a nossa primeira oração, para que Deus, pelos méritos da Cruz de Seu Divino Filho, nos proteja durante todo o dia. 
   Com este Sinal, que é o sinal do cristão, nós pedimos proteção contra os nossos inimigos. 
   Que inimigos? 
   Todos aqueles que atentem contra a nossa pessoa, para nos causar tanto males físicos, quanto espirituais.
   O Sinal da Cruz, feito antes de iniciarmos as nossas orações, nos predispõe a bem rezar.

              † Pelo sinal da Santa Cruz: ao traçarmos a primeira cruz em nossa testa, nós estamos pedindo a Deus que proteja a nossa mente dos maus pensamentos, das ideologias malsãs e das heresias, que tanto nos tentam nos dias de hoje e mantendo a nossa inteligência alerta contra todos os embustes e ciladas do demônio;
              † Livrai-nos Deus, Nosso Senhor: com esta segunda cruz sobre os lábios, estamos pedindo para que de nossa boca só saiam palavras de louvor: louvor a Deus, louvor aos Seus Santos e aos Seus Anjos; de agradecimento a Deus, pois tudo o que somos e temos são frutos da Sua misericórdia e do Seu amor e não dos nossos méritos; que as nossas palavras jamais sejam ditas para ofender o nosso irmão.

              Dos nossos inimigos – esta terceira cruz tem como objetivo proteger o nosso coração contra os maus sentimentos: contra o ódio, a vaidade, a inveja, a luxúria e outros vícios; fazer dele uma fonte inesgotável de amor a Deus, a nós mesmos e ao nosso próximo; um coração doce, como o de Maria e manso e humilde como o de Jesus.