3 de janeiro de 2012

Fé e Política - A Consciência do Cristão autêntico



       O cristão autêntico, imbuído de sua identidade que é a vivência da graça batismal e consciente da necessidade de que como igreja, deve anunciar e se empenhar na construção de uma sociedade justa e fraterna, não pode se omitir neste momento histórico e significativo que é a política.
     Mesmo respeitando a pluralidade de escolha, a consciência do cristão não o libera do compromisso fundamental de votar conforme os princípios religiosos, analisando cada candidato, quem é que o apoia, qual a sua real história de luta ao lado do povo, e qual tem sido sua conduta quando fora da época de eleição.
     Os ditos populares "é tudo a mesma coisa" ou "qualquer um serve", não devem ser lemas para o cristão com responsabilidade. Reina em nosso meio um clima descrédito generalizado em relação à política e ao político. É imprescindível, no entanto, que se compreenda que a pior forma de se fazer política é "não querer saber dela". Não podemos delegar como nossos representantes, pessoas inescrupulosas, de cujas decisões nascem os "esquemas oportunistas", a apropriação indevida dos bens públicos para atender interesses privados, através dos propalados desvios de verba, disseminando a miséria.


Como escolher os canditados?
    
     A preferência deve recair sobre o candidato que possui uma sincera adesão aos princípios fundamentais da ética social cristã, efetiva competência política e reconhecida capacidade de liderança. O voto é um bem sacratíssimo. Portanto, nossa escolha, nosso voto, deve ser no candidato que se mostrar digno de recebê-lo porque testemunha com a sua vida o modelo que escolheu para si e com o qual governará o seu povo, porque demonstra o respeito à dignidade humana e vive os preceitos de Deus.
     Se um candidato já exerceu cargos na política, não votar nele sem antes buscar sólidas informações sobre a sua atuação. Não podemos permanecer escravos dos desmandos e da falta de competência de quem gerencia os recursos para o bem comum. O tempo de caminhada na Igreja, o testemunho (vida cristã coerente), a aceitação de sua candidatura pela própria comunidade onde está inserido e o bom relacionamento com outras comunidades afins são critérios que precisam ser considerados na hora da escolha do candidato.
     Não vote em quem é reconhecidamente desonesto. Lembre-se: voto não se troca por coisa alguma. Se o candidato prometer empregar seu filho, asfaltar a sua rua, abrir uma escola ao lado de sua casa, com certeza ele já prometeu isso para uma porção de outros eleitores. Negue o seu voto! O dito popular: "ele rouba, mas faz", não pode prevalecer na mente e no coração dos cristãos comprometidos com o bem. E é bom "ficar de olho" nos altos gastos das campanhas: quem muito gasta, vai querer o seu dinheiro de volta, de alguma forma, se eleito. O político ideal é aquele que tem uma proposta política viável, defende a vida, os direitos humanos e é sensível aos problemas dos empobrecidos. Luta pelo bem comum e é comprometido com o Evangelho.

Nota:
(Por Victor Oliveira,
Ministério Jovem Dioc. Palmeira dos Índios)


"O político ideal é aquele que tem uma proposta política viável, defende a vida, os direitos humanos e é sensível aos problemas dos empobrecidos. Luta pelo bem comum e é comprometido com o Evangelho."

     Se deparar no dia a dia com uma pessoa de estereótipo assim, como supracitado, é algo ímpar atualmente e por que não dizer, raro! Percebe-se que na realidade nos deparamos com perspectivas e condutas que de certa forma acabam se tornando surreais aos preceitos cristãos. É hora de voltarmos ao nosso “eu interior” para refletirmos sobre as decisões que tomamos e as atitudes que temos frente ao mundo, e seus rebatimentos para a vida plena em Cristo Jesus, para saber votar naquele candidato que mais se aproxima dos bons preceitos. O mundo, em sua totalidade, não evidencia os princípios de Ética e Moral Cristã, e muitas pessoas, agindo de forma egoísta, desonesta e cada vez mais materialista, têm procurado sobressair-se com a ignorância e o desinteresse da população. Não atentar à conscientização social significa dizer que continuaremos sustentando o fingimento, a hipocrisia, a demagogia. Pergunta-se: Até quando sustentaremos a nossa posição às margens da consciência, abraçados e entrelaçados com a insipiência crítica, preferindo ignorar as injustiças que ainda assolam a natureza humana?

     Irmãos, abrir a nossa mente e o nosso coração ao discernimento e a sabedoria é algo fundamental para nossa conduta de cristãos. Precisamos pedi-los intensamente a Deus, por intermédio de Cristo Jesus, para que, ao votar, o façamos de acordo com a vontade de Seu coração.

Paz e Bem!

Ser santo: uma necessidade!


Que nossa vida seja expressão do que rezamos
Por Pe. Rinaldo Roberto de Rezende
Cura da Catedral de São José dos Campos

"Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação" (I Tessalonicenses 4,3).
     Conta-se que, quando Madre Teresa de Calcutá visitou os Estados Unidos, houve uma disputa entre motoristas que queriam transportá-la de um evento ao outro. O profissional, contemplado com essa missão, depois relatou aos demais o seguinte: "Nunca rezei tanto na vida, era um terço após o outro... Sempre ela sugeria que rezássemos...". Quando ouvi esse relato, lembrei-me de uma entrevista dada por essa grande figura que marcou o mundo em nosso tempo. Quando lhe perguntaram se ela não se incomodava em ser chamada de santa por pessoas do mundo inteiro, ela respondeu: "Ser santo não é um privilégio, é uma necessidade!" Parece que as histórias se completam.
     Uma mulher que era dinâmica diante do mundo, também era plena de dinamismo na força do Espírito. N'Ele, com certeza, encontrava forças para prosseguir na missão. Não rezava pedindo milagres, mas era portadora de milagres para tanta gente por meio de uma vida de caridade e oração.
     Creio que ser santo consiste em viver esta fé em forma de cruz. Verticalidade e horizontalidade nos compromissos por um mundo melhor, por uma antecipação do Paraíso, ao menos, do que de nós depender. Ser santo indica ser são, ser curado. À medida que vamos alcançando maturidade na vida, vamos deixando o que não compensa e perseverando no essencial, e isso é processo de cura.
     Quando entramos no caminho de Deus, pela vida da comunidade, num encontro contínuo com o Senhor Ressuscitado, seja pela Eucaristia e demais sacramentos, seja pela solidariedade para com os irmãos, vamos alcançando nossa estatura em Cristo (cf. Efésios 4,13). Essa foi e é a experiência de todos os santos.
     O Amor de Cristo nos impele e nos impulsiona, como afirma o apóstolo Paulo (cf. II Coríntios 5,14).
     Que nossa vida seja expressão do que rezamos! Que nossas preces sejam expressões do que amamos! Que impulsionados pelo amor de Cristo e na força do Espírito, possamos progredir no caminho da verdadeira santidade!
     Que, desde já, pela nossa fé católica, vivamos a comunhão dos santos, pois já agora, fazemos parte da família de Deus, dos santos e santas por Ele chamados e amados!

2 de janeiro de 2012

A vida nova em Cristo e a Identidade Católica


“Se alguém está em Cristo, é criatura nova”
(2Cor 5, 17a)


Vivemos um tempo de mudanças radicais. Os problemas sociais se agravam com a diversidade de comportamentos. Cada um julga possuir a verdade. É comum a pessoa definir valores e normas por conta própria e adotar a sua moral pessoal. O discípulo de Jesus, porém, não cria valores e normas. Ele os recebe da Igreja e os vive de modo consciente e responsável. A Igreja, por sua vez, os fundamenta na Sagrada Escritura, na Tradição e na Lei natural, estabelecendo um diálogo fecundo com os diversos campos do saber e da cultura, para compreender melhor a natureza humana, a vida social e os desafios contemporâneos.
A Moral cristã é expressão da adesão a Jesus Cristo e se manifesta na prática dos valores evangélicos (entenda-se como aqueles valores do evangelho cristão): caridade, fraternidade, justiça, misericórdia, solidariedade, defesa da vida e da dignidade da pessoa. Portanto, não deve ser vista como um conjunto de normas sem sentido ou um código frio de leis e de proibições. A conduta do discípulo de Jesus é a realização, na sua vida, das palavras e atitudes do Mestre. A fé que professa e celebra é alimentada na comunidade e concretizada no seu cotidiano.
Vida nova em Cristo é graça de Deus, que frutifica nossa participação na construção da história. Viver em Cristo é não se acostumar e nem se acomodar às estruturas injustas da sociedade, mas transformar o próprio jeito de pensar e de agir, discernindo o que é bom e agradável a Deus na busca constante do processo de conversão.
              Cristo é o caminho; segui-lo significa buscar a vida plena, a realização do Reino. A fidelidade criativa e responsável a Jesus é dom precioso oferecido por Deus, ao qual devemos responder com a nossa vida. Tal resposta é chamada a ser uma atitude amorosa, agradecida, capaz de multiplicar e distribuir o bem que ele nos legou.





(Referência: Conferência Nacional dos Bispos do Brasil; Sou Católico: Vivo minha Fé. Brasília, Edições CNBB, 2007; p. 123-124; 3ª ed.)