9 de fevereiro de 2012

O Alpinista




Certo alpinista, com obsessão por conquistar uma alta montanha, iniciou sua solitária ascensão após anos de preparação.

Começou a escalar enquanto entardecia. Em vez de acampar, decidiu continuar em frente. Escureceu. A noite caiu sobre a neve da montanha. A luz e as estrelas estavam cobertas pelas nuvens. Já não se podia ver absolutamente nada. Estava tudo negro, mas ele não se detinha.

Desafiando uma escarpa, escorregou no gelo, caindo lentamente, mas sem se deter, embora percutisse na neve com o piolet (bastão). O alpinista só conseguia ver manchas escuras, além da terrível sensação de ser sugado pela gravidade.

Quando já estava caindo no precipício, sentiu o fortíssimo puxão da longa corda que o amarrava pela cintura. Nesse momento de quietude, balançando-se e suspenso no ar; sem ver o fundo do abismo, desafiou o Senhor e gritou com toda a sua fé:

- Se me amas, ajuda-me, meu Deus!

Uma voz grave e profunda, vinda do céu, respondeu-lhe:

- Se te amo, que queres que faça?

- Salva-me, meu Deus. Não vejo nada. Tu és minha única esperança.

- Crês, realmente, que eu te ame tanto que possa salvar-te?

- Certamente, Senhor. Eu tenho fé em teu amor e em teu poder.

O alpinista supunha que iria aparecer uma mão poderosa para resgatá-lo, ou que viria uma legião de anjos para transportá-lo a um lugar seguro. Todavia, a mesma voz celestial ordenou-lhe o que menos esperava:

- Então, se crês em meu amor por ti, corta a corda que te sustém.

Houve um momento de silêncio e de dúvida. Aquele homem, supondo que cairia no abismo, agarrou-se à corda com firmeza ainda maior...

No dia seguinte, a equipe de resgate encontrou um alpinista morto, congelado, com suas mãos presas fortemente à corda, a apenas um metro do solo.

(História retirada do livro "Para mim, o viver é Cristo. Paulo de Tarso" de autoria de José H. Prado Flores; Editora Canção Nova; São Paulo, SP, 2009)



Reflexão:

Que história interessante! Por certo, nos faz refletir sobre a nossa vida, os nossos anseios, a fé que sustentamos, a credibilidade que damos a Deus. Voltemos à história! O alpinista tinha uma meta, um sonho a realizar, um desafio a superar: escalar uma alta montanha. As oportunidades apareceram e ali estava ele escalando. Porém, em algum momento, algo inesperado acontece: o alpinista despenca e cai. Nesse momento, a sua fé e credibilidade em Deus são postas à prova. Mas infelizmente, cheio de seguranças e convicções puramente humanas, ele não confiou em Deus.

Voltemos à nossa realidade!

Quantas vezes, ao longo de nossas vidas, estamos diante de desafios, dificuldades; quantos obstáculos aparecem na intenção de nos fazer desistir (que os desafios, dificuldades e obstáculos sejam entendidos também como aqueles que corrompem a plenitude do amor entre os semelhantes). Pois é, a história do alpinista é semelhante a nossa! Por vezes, em meio as aflições, não temos a coragem de parar, ouvir a voz de Deus ecoando em nosso interior, e "cortar a corda" das nossas limitações, do orgulho, das seguranças puramente humanas, do pecado, que nos impedem de progredir. Por vezes, assim como o alpinista, cremos em Deus, mas não damos crédito a Ele. Não temos paciência para esperar Suas providências. Queremos tudo ao nosso tempo. Queremos tudo que pensamos ser necessários para nossas vidas. Não temos a coragem de nos abandonar nos braços d'Aquele que nos ama incondicionalmente e confiar em Suas ações.

Nós não compramos a salvação, esta se apresenta como uma dádiva de Deus e que pode ser nossa a partir do momento em que damos crédito a Ele, de modo que confiamos absolutamente em Seu poder e misericórdia. O fato é que Deus realizou muitos prodígios (incontáveis) e na vida de muitos e pode realizar na nossa se abrirmos o nosso coração e confiarmos plenamente. Ele não é somente Pai, Ele é Papaizinho; nós não somos somente filhos, somos filhinhos; somos queridíssimos e não podemos deixar que esse laço de Amor absoluto seja enfraquecido ou até mesmo rompido por nosso desespero, aridez espiritual, desconfiança, pelos erros que cometemos. Infelizmente, em nossa sociedade, somos convidados a viver como "ateus práticos", que até acreditam em Deus, mas vivem como se Ele não existisse.

Irmãos, em Deus, somos capazes de realizar obras grandiosas (escalar montanhas, ser aprovados no vestibular para aquele curso que tanto almejamos, comprar aquele carro com a honestidade evidenciada em nosso trabalho, enfim, até dos milagres podemos participar junto a Deus). E para estarmos n'Ele é preciso buscá-lo e abrir o nosso coração, nos despojando de tudo aquilo que nos faz ir de encontro a Deus (contra Sua vontade, Seus ensinamentos e princípios de salvação e vida eterna).

Peçamos a graça do Espírito Santo, que esta possa ser "derramada" em nossas vidas, sejamos sensíveis para ouvir a voz de Deus em nossos corações, entendamos que o Seu auxílio não está tão evidente aos nossos olhos (como o alpinista pensou que Deus enviaria anjos ou mesmo daria Sua mão para retirá-lo e levá-lo a um lugar seguro) peçamos o auxílio de Deus e confessemos a Ele que entregamos nossas vidas à Sua vontade e nos desprendemos de nossas limitações.

Paz e bem. Do irmão de caminhada

Victor Oliveira (Ministério Jovem - Setor Palmeira dos Índios)